15.10.10

FIM DA LINHA

depois de um ano sem por cá os pés, dou por desfalecida a oblíquidade da madrugada.


porém renasce aqui o novo espaço póstomo.


Saudações

25.10.09

falta de cor

parece que hoje o dia é cinza,
cinza espesso,
que não me deixa sair de casa,
que não me deixa voltar a mim.

por mais que esbraceje,
não consigo afastar as nuvens,
não tenho forças para afastar esta dor apática.

este ruido de fundo
que são mais gritos doentios
que qualquer outra coisa,
estão a dar cabo de mim
e de tudo o que ponho a mão.

toda esta falsidade à minha volta,
é só mais carne p'ra canhão
para acompanhar a toda esta falta de cor.

mal de mim que te sonhei cidade,
mal de mim que ainda te quero.

dói-me algo.
algo que nem eu sei do que se trata.
as crianças correm loucas pela rua,
sem saber o que fazem.
dói-me algo,
e a fome aperta-me o estômago,
mas não chega a magoar.
esta dor é desenfreada,
sem esquemas estranhos
que a expliquem.
isto não é normal.
não, não pode ser.
é capaz de ser
aquela maldita consciência,
de que tanto ouvi falar
em pequeno.
na minha terra
ainda há males que vêm por bem
ainda há gente doente da cabeça
que não sabe um quem
há-de bater,
não sabe por onde está o seu rasto
nem o daqueles que deixaram de ser.
é mais uma terra de ninguem,
que não faz a minima ideia
de onde está ou por onde estará
é terra de perdidos nunca achados
que não tem onde cair mortos.
já e noite avançada
e a procissão ainda não chegou no adro.
se na terra dos homens de bem
aindanão chegou a penumbra dos vultos,
certamente que não tardará a chegar.
os fantasmas do passado
vão a caminho
e não há chuva de Novembro que os pare.
se não parece normal,
basta olhar para a pedra
pois, lá o esta escrito,
daqui ninguém sairá ileso!

zero.
zero é um homem sem amigos,
odiado por todos e mais alguns,
ou pura e simplesmente ao contrário.
não se sabe bem.
é um homem que vive para si,
que foje a qualquer movimento social.
mesmo assim, talvez seja o mais politicamente correcto possível.

é sisudo, de expressões fechadas,
fechadas para ele mesmo,
um verdadeiro homem aparte.
é um quarentão de laço apertado
a quem todos olham com desdem e desaprovação.
é o homem zero total,
longe de tudo e de todos.
é o homem zero,
o ermita apático.

24.9.09

por momentos,
existem singularidades
inoportunas que nos paralisam.
por momentos,
por mais vagos que sejam
há sempre algo que corre simplesmente mal.
não é que seja pura ciência,
não é que chegue a ser arte,
são coisas,
apenas coisas.
são galhos caidos involuntariamente
no meio da estrada,
que interrompem o meu rumo.