31.8.08

Porta 55

Para lembrar do que fui,
Para esquecer a escoria que sou,
Quero limpar a ardósia
Que deixaste escrita.

Parto a cabeça ao meio
Para cheirar o mofo interior da insanidade.

Já tenho o estômago colado às costas de tanta desilusão.
Uma vez que todos nascemos das sombras,
Experimenta andar com os meus pés,
Vais ver como é difícil seguir em frente.
Se passares pela porta 55,
Diz ao dono da casa:
O fim está para breve;
A visão anula-se;
E o pulso começa a enfraquecer.

Eu, Puto

Quando era um rapazito brincava sempre sozinho. Não havia muita gente da minha idade e eu até gostava de estar só.
Gostava de inventar novos dialectos, mas no dia seguinte já não me lembrava de nada, porque não o registava.
Falava sozinho.
Falava muito sozinho.
Chegava a fazer o "papel" de quatro ou cinco personagens ao mesmo tempo, tudo inventado na hora, "à pressão".
Lembro-me muito bem de ter grandes discussões comigo próprio, sobre coisa nenhuma. Mas o que mexia mais comigo eram os pontos de vista e a imagem presente na retina e nos timpanos de cada pessoa.
Interogava-me se, as pessoas tinham mesmo aquele aspecto que tinham para mim, e se para os outros elas já podiam ter outro aspecto completamente diferente.
Que cada pessoa tivesse a sua linguagem visual.
Hoje, noto que as coisas não são bem assim tão diferentes, só não chegam é, a extremos como eu imaginava.
Mas ao fim ao cabo, a sociedade é uma mixórdia de pequenos mutantes. Uns mais bonitos. Outros menos agradaveis á vista.
O que interessa é que pode sempre existir alguêm com uma visão criativa que nos eleve ao polo positivo.

Marta

Marta perdeu o seu víciu de vida.
Por mais que corra
A sua virtude já estava caída.
Sua mãe vive numa casa adandonada,
Inundada de analgésicos.
Já nada importa.
Só lhe resta afogar-se no seu mal.

O comboio passou
E não quis parar.
Marta deitou-se no apeadeiro
Na espera de eu a ir buscar,
Mas eu já estava no comboio
Para impedir que o maquenista parasse...

Fecha o Livro e Volta a Abri-lo Numa Página Qualquer

Hipócrita!Que mais dizer?Eu sou umreles hipócritaSem rumo, cheio de incertezas.

O livro manda escolheres um Deus,Para que possas entrar no jogo.

Se calhar, partir nem era má ideia.Desde que a rectaguarda esteja segura,O louco não nos fará mal,Nem nos afogará no seu lodo!

Aaaaah! Aah! Ah! Ah!Deus é o político perfeito!Mata em seu nome,E um dia serás eleito!

Erros! Erros! Erros!
Uns atrás d'outros,Comendo o que há por aí;Nem a boa vontade os cura.Traz o teu Deus e senta-te para jogar.