17.2.08

Bonança

Chegou a hora da bonança.
A tempestade acabou.
Finalmente os meus olhos abrem-se perante a escura luz da noite.
Ainda meio acabrunhado,
Dou-me conta das falácias que me rondam os olhos.
É tarde.
É tarde, e só agora é que trinco a maçã real,
Impingida por alguém sobrenatural,
Que teima em não mostrar o verdadeiro rosto.
Esse alguém, sabe mostrar-me o caminho,
Mas não o faz.
Não o faz, e eu não quero saber.
Já me dei conta dos passos
Que querem que dê
E os atrasos que isso me tem causado.

É por isso que não tenho passado
De um mero peão,
Pouco prestável,
Que é utilizado apenas em ultimo caso
Ou quando o primeiro outorgante precisa de lago meu.

Quero deixar de ser quem tenho sido.
Talvez a solução passe por ser igual a toda gente,
Visto que já só me procuram
Para palas secundárias, de importância insignificante.

A minha cabeça está feita numa espessa névoa,
Que não magoa, nem atordoa,
Mas que estremece qualquer orgulho presente no meu rosto.
Chega de altruísmos…
A tempestade acabou,
Chegou a hora da bonança.