25.10.09
falta de cor
24.9.09
10.9.09
SIZA VIEIRA por José Saramago
Toda a arquitectura pressupõe uma determinada relação entre a opacidade natural da maioria dos materiais empregados e a luz exterior. Os grossos muros românicos abriam-se dificilmente para que a claridade do dia movesse, num espaço que parecia recusá-las, as sombras que precisamente iriam dar-lhe sentido. A sombra é o que permite fazer a leitura da luz. O gótico rasgava-se verticalmente em vitrais que, dando passagem à claridade, ao mesmo tempo a matizavam para resgatar no último instante o efeito misterioso da penumbra. Mesmo nos modernos tempos, quando a parede é, em grande parte, substituída por aberturas que quase a anulam, que a fazem desaparecer em absurdos revestimentos de vidro que diluem os seus próprios volumes num processo de caleidoscópicas reflexões e projecções, a necessidade de apoio de que o olho humano não pode prescindir procura ansiosamente um ponto sólido onde possa descansar e contemplar.
Não conheço na arquitectura moderna uma expressão plástica em que o primórdio da parede seja tão importante como na obra de Siza Vieira. Esses muros longos e fechados surgem, à primeira vista, como inimigos inconciliáveis da luz, e, ao deixarem-se finalmente perfurar, fazem-no como se obedecessem contrariados às inadiáveis exigências da funcionalidade do edifício. A verdade, porém, segundo entendo, é outra. A parede, em Siza Vieira, não é um obstáculo à luz, mas sim um espaço de contemplação em que a claridade exterior não se detém na superfície. Temos a ilusão de que os materiais se tornaram porosos à luz, de que o olhar vai penetrar a parede maciça e reunir, em uma mesma consciência estética e emocional, o que está fora e o que está dentro. Aqui, a opacidade torna-se transparência. Só um génio seria capaz de fundir tão harmoniosamente estes dois irredutíveis contrários. Siza Vieira é esse taumaturgo.
24.6.09
26.4.09
8.4.09
O fumo começa a desaparecer
E o cigarro já vai no fim.
Começo a ver algum sentido nisto
E acho que já posso outra vez nascer.
Está a chegar a hora.
Hora de nada,
Hora de tudo.
Hora de fazer algo
Que realmente valha a pena.
Hoje é dia de Earl Grey.
Só por estar aqui
Junto a tudo e todos
Faz-me sentir bem,
Por isso, quero um Earl Grey.
O momento vale a pena.
1.4.09
25.3.09
ecos da náusea
13.3.09
7.3.09
cinco anos, quatro meses nenhum dia
descansa em paz.
pegou nas suas coisa
e remou até a cisma.
o seu pai já não lhe fala à cinco anos
e ele já não sabia o que fazer consigo-
tudo mudou.
finalmente encontrou um novo sitio par morrer longe,
já só lhe basta enterrar a sua cabeça
a pensar no vazio que não é o branco.
seja como for é a cisma
que o cuida, que o protege
do céu nublado
que lhe corta as asas.
13.2.09
2.2.09
21.1.09
já esqueci o dia em que toquei o mar, e agora sei que tudo não passou de erosão, um pleno desgaste do que nunca fomos.
isto é só mais uma pedra no meu saco.
as costas já não me doem.
já só me doem as pernas de tanto correr.
só tenho pena de nunca ter visto a bandeira de meta. espero que te divirtas no teu carrocel. pode ser que nos vejamos num dia destes.